1. |
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Qualquer dia desses
assim de surpresa
eu vou te tirar pra dançar
No meio dos carros
na fila do banco
em cima da mesa do bar
Dois passos pra trás
Dois passos adiante
Esqueça a tristeza só por um instante
Dois passos pra lá
Dois passos pra cá
Vai ser nosso baile particular
Qualquer dia desses
assim de surpresa
o som das sirenes no ar
Na hora do choro
no fundo do poço
eu vou te tirar pra dançar
Dois passos pra trás
Dois passos adiante
Esqueça a tristeza só por um instante
Dois passos pra lá
Dois passos pra cá
Vai ser nosso baile particular
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2. |
Quinze mil dias
04:17
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Quase quinze mil dias
mais perto do último dia
que pode ser amanhã
ou depois de amanhã – eu não sei
– ou daqui a dez voltas
do súdito em torno do rei
Mas enquanto não chega esse dia
em que não há certeza ou perigo
meus amigos e irmãos cantam comigo
Quase quinze mil dias
vivendo quase mil metros
acima do nível do mar
Onde o ar é mais rarefeito
e o vento não sabe direito
pra que lado deve soprar
Mas enquanto eu não chego ao lugar
onde não há certeza ou perigo
meus amigos e irmãos cantam comigo
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3. |
Enquanto espero
03:29
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Quase sem pensar e quase sem receio
a seus pés eu deposito o meu tesouro:
uma vida já usada até o meio
e um coração alheio – mas de ouro
Dito assim parece pouco e talvez seja
Mas ao menos é real e é sincero
Você pode ir decidindo enquanto beija
e eu posso ir te beijando enquanto espero
Entre o sonho bom e a ilusão perdida
sobre o seu altar eu deixo a minha oferta:
um lugar na cama (nunca adormecida)
e uma porta de saída sempre aberta
Dito assim parece pouco e talvez seja
Mas ao menos é real e é sincero
Você pode ir decidindo enquanto beija
e eu posso ir te beijando enquanto espero
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4. |
Pior que eu
03:41
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Você reclama do meu silêncio
e do meu jeito meio distante
E no entanto o fato é que eu
nunca me sinto calado o bastante
A experiência já me ensinou
querer mudar não é suficiente
Pior que eu do jeito que eu sou
sou eu tentando ser diferente
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5. |
Fome
03:04
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Veja que coisa engraçada
Eu pensei que havia morrido
Que já não tinha mais rosto
Que já não tinha mais nome
De repente assim do nada
vem chegando outra certeza
Me arranje um lugar na mesa
que eu estou vivo e tenho fome
Veja que coisa engraçada
Um sujeito tão perdido
Que já não distingue a razão
do delírio que o consome
De repente assim do nada
vem chegando outra certeza
Me arranje um lugar na mesa
que eu estou vivo e tenho fome
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6. |
A mesma decepção
04:43
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Na minha imaginação
seu perfume era discreto
suas pernas eram longas
seu sorriso era completo
E se eu vejo nos seus olhos
a mesma decepção
a culpa também deve ser
da minha imaginação
Na minha imaginação
o seu beijo era mais quente
suas mãos mais curiosas
sua voz menos freqüente
E se eu vejo nos seus olhos
a mesma decepção
a culpa também deve ser
da minha imaginação
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7. |
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O esforço de uma vida foi em vão
Não dá mais pra manter a aparência
chamando imitação de influência
e incompetência de despretensão
E pra sacramentar o seu tormento
você vai acabar eternizado
com o sobrenome escrito meio errado
na História Universal do Esquecimento
Nenhum triunfo seu pra ser lembrado
Nenhuma dor que cause alguma pena
Somente a irrelevância – essa hiena
sorrindo o tempo inteiro do seu lado
E pra sacramentar o seu tormento
você vai acabar eternizado
com o sobrenome escrito meio errado
na História Universal do Esquecimento
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8. |
Pequena Guernica
02:44
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Arrancada de um abismo
enfeitada de vermelho
Sua risada se espalha
nos estilhaços do nosso espelho
No recesso da batalha
enquanto contamos os mortos
Uma pequena Guernica
com uma moldura de dentes tortos
Amanita cor de sangue
delicada e venenosa
Sua risada se mostra
tão indiscreta e tão silenciosa
No recesso da batalha
enquanto contamos os mortos
Uma pequena Guernica
com uma moldura de dentes tortos
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9. |
Saudade do cativeiro
03:03
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Um dia você confessou
embalada pelo vinho:
pra estar perto de mim
já mentiu e roubou um pouquinho
E eu pra ser sincero
também devo lhe dizer
que já fiz coisa pior
pra estar perto de você
Agora você quer fugir
Mas saiba disso primeiro
O preço da liberdade
é a saudade do cativeiro
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10. |
Um palhaço
01:15
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Eu devo ser mesmo um palhaço
ou então o que fazem no espelho
um nariz tão redondo e vermelho
e esse cômico olhar de fracasso
Eu devo ser mesmo um palhaço
ou então me dê outra razão
pra eu trazer essas flores na mão
e essa inútil bengala no braço
Eu devo ser mesmo um palhaço
ou por que meus sapatos são dez
ou mais vezes maiores que os pés
e me fazem perder o meu passo
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11. |
Medo
02:58
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É de pequeno que se aprende o medo
E tão mais forte ele vai ser quanto mais cedo
for ensinado
Fica guardado num lugar seguro
mas muito fácil de encontrar mesmo esquecido
mesmo no escuro
Ontem à noite eu vi o medo atravessar seu coração
quando uma sombra indefinida esvoaçou pela janela
No seu olhar um brilho anterior à civilização
E eu te abracei porque você jamais me pareceu tão bela
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Lestics São Paulo, Brazil
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