1. |
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Ali naquela casa grande
mora uma família de elefantes
A gente toca a campainha e sai correndo
pelo planalto
por corredores
por entre os carros
por entre as torres
Os elefantes vêm voando
fazendo bolhas de sabão de vez em quando
Arrasam tudo o que encontram no caminho
as ambulâncias
os vendedores
todos os postes
todas as flores
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2. |
Mutatis mutandi
02:02
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A casa é o carro é a cela é o palco
A vaca é o cego é a velha é o guarda
O tiro é o susto é o grito é o tapa
O vôo é o vento é a queda é o salto
A escada é a porta é a mesa é o quarto
O sangue é o suco é a tinta é a água
A boca é a fenda é o poço é a chaga
A vida é o nada é a morte é o parto
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3. |
Alguma coisa me diz
02:31
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Eu saio da cama lavo meu rosto
troco de roupa e desço pra rua
Eu entro no táxi digo bom dia
apago o cigarro e abro o jornal
Mas alguma coisa me diz
que nada disso é normal
Alguma coisa me diz
que não é normal
Eu pago a corrida saio do carro
dobro a esquina e entro no bar
A ficha é no caixa chiclete de troco
café sem açúcar manteiga com sal
Mas alguma coisa me diz
que nada disso é real
Alguma coisa me diz
que não é real
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4. |
O mundo acaba
03:01
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Ela tem mais de mil bocas
dois mil braços dez mil pernas
Ela tem mais de mil línguas
e milhões de seios lindos
Ela vem e me abraça
e é aí que o mundo acaba
Ela tem cabelos longos
com bilhões de caracóis
Ela tem olhos gigantes
que brilham mais que dez mil sóis
Ela vem e me abraça
e é aí que o mundo acaba
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5. |
Dois olhos
03:25
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A pele se desmanchando
Os ossos se dissolvendo
Os pelos se dissipando
Os órgãos se desfazendo
No chão dois olhos olhando
Os dentes que se dispersam
O sangue que evapora
A carne que se desfia
A alma que vai embora
No chão dois olhos que olham
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6. |
O rio
02:14
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O rio me leva a Lisboa
O rio me leva a Paris
O rio me leva pro mar
mas antes me traz aqui
Ele corre escada acima
Ele inunda a casa inteira
Ele cai pela janela
e se faz de cachoeira
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7. |
Tropeço
03:31
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Eu quero gritar
e não posso
Eu quero mais ar
e me afogo
Eu quero parar
e começo
Eu quero correr
e tropeço
O mundo inteiro me barra
Todas as culpas me travam
Toda incerteza me amarra
Todas as horas me atrasam
Eu quero fugir
e me entrego
Eu quero te ver
e sou cego
Eu quero lembrar
e me esqueço
Eu tento chorar
mas nem isso
O mundo inteiro me barra
Todas as culpas me travam
Toda incerteza me amarra
Todas as horas me atrasam
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8. |
Canto de sereia
03:24
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Nesse novo mundo
em que mergulho
cada vez mais fundo
tudo é melodia
Dó de claricelo
Ré de ventania
Mi de contraflauta
Fá de cotovia
Nesse velho asilo
em que me abrigo
louco mas tranqüilo
tudo faz sentido
Canto de sereia
grito sustenido
caco de barulho
onda de ruído
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9. |
Escuridão e silêncio
03:26
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A caminho do trabalho
Parado no sinal vermelho
Um carro encosta do lado
Desce o vidro do passageiro
O homem aponta uma arma
Dispara um tiro certeiro
A bala entra no peito
Percorre meu corpo inteiro
O sangue jorra da boca
O sol se esconde ligeiro
Escuridão e silêncio
como antes do dia primeiro
Eu fui entender depois de acordar
Morrer é dormir e não sonhar
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Lestics São Paulo, Brazil
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